Por que auto-poiesis?
Poesis vem do grego, em português poiese, palavra relacionada à técnica “poiética”, indica a ideia de criar ou fazer. Referente à ação, o impulso do espírito humano parar criar a partir dos afetos.
A construção da auto-poiésis no âmbito da escuta clínica é o processo de constituição de uma consciência, uma percepção protagonista. É quando o paciente, interagente experimenta a continuidade do ser junto ao clínico/analista que vigia a instalação de uma consciência sonhadora no campo transferencial.
A auto-poiésis é uma oportunidade de repetir com diferença. A criação de novas articulações e registros… A elaboração do que foi vivido e não pensado. Não é uma promessa, é antes de tudo um trabalho… Uma vivência. É preciso desejar e não possuí garantias.
Autopoiésis é a geração de singularidades que geram outras singularidades. A poética funciona como um incomensurável Tear e a autopoiésis seria uma de suas linhas.
Uma escuta que usa o diagnóstico, mas que também dele escapa! Diagnosticar pode ser uma forma de não escutar.
No trabalho de análise, não se trata de lembrar! Mas de inventar memória. Ganhar expressão. Chegar ao corpo! Perceber o conhecido não pensado, o estranho-familiar percebido em ato.
“O saber do clínico é um saber-que deixa-sonhar” (FONSECA)
Nessa travessia é preciso com-fiar.
“A confiança, que em seu germe é formidável potência de vida, só poderá vir a ser potência, ou seja, se realizar, para quem experimentou depender dos cuidados do outro. Quando não possui esse registro de confiar, o que há é a desconfiança. Essa por seu turno é a vivência dilacerante da esperança”. (Eliane Accioly Fonseca)